O Terrível Pau Lanterna

Nome estranho,não...? Confesso que também achei e continuo achando até hoje. Mas precisava de algo simples e estranho que definisse aquilo que se tornou terrível para muitos de nós,que sobreviviam naquele lugar de choro no escuro durante algum tempo.Digo algum tempo,porque um dia,criamos coragem e mesmo com muito medo,demos um fim nessa "ferramenta corretiva" terrivelmente inventada,mas disso falo mais tarde... "Pau-Lanterna"! Na verdade,era um cabo de picareta sem a parte de metal,na qual era introduzida uma carcaça de lanterna alaranjada e reluzente. "O cabo da picareta era lançado sobre nós como um raio é lançado do céu sobre as rochas e,a lanterna era o punho dessa espada,onde segurava a terrível mão do tirano..." Apanhava se por qualquer motivo,grave ou não,foram poucos os que não sentiram o peso daquela coisa nas mãos... "Existe um reluzente rubi em uma de minhas mãos...Mas essa valiosa joia não vale nada para mim,só dói... Vejo muitas outras nas mãos de meus irmãos,que como eu,não podem vendê las,só podem senti las... E dói... Foram criadas por uma gênese violenta durante um choro contido..." Ás vezes mereciamos...Eu acho...Toda aquela violência; Era a linguagem que aprendemos a compreender,por isso,funcionava às vezes...Ou piorava. Mas aquilo tinha que acabar,tinha pesadelos horríveis com aquela arma,e não era o único; Certa vez,numa noite,um garoto acordou de um desses pesadelos: Uma funcionária da instituição batia violentamente nele com um cabo de vassoura só porque ele estava "falando alto" durante o sonho. O garoto quando acordou e viu essa mulher com aquela vassoura batendo nele,deu um pulo da cama e gritando muito partiu para cima da tal mulher agarrando a pelo pescoço; Em seguida,bateu a cabeça dela violentamente contra a parede várias vezes até ela desmaiar.Em seguida,deitou a no chão e começou a socá la sem parar,depois de uma dezena de socos,e aparentemente exausto,o garoto levantou a mulher e a jogou do segundo andar...Até hoje não sei o que aconteceu com ela...Nem quis saber.Depois disso, o garoto deu uma crise de choro,chamou pela mãe e em seguida adormeceu ali mesmo,enquanto assistia mos a tudo aquilo,paralisados...O garoto só tinha 12 anos... Passando alguns meses,estive com esse garoto em um raro passeio até o zoológico. Estava mos lado a lado no ônibus,falando de sonhos e pesadelos quando finalmente ele falou o que tinha causado toda aquela violência daquele dia em que suas mãos foram tingidas por um vermelho tão intenso,que até hoje me pergunto se aquilo não teria sido um sonho terrível ou um pesadelo: "Eram um monte de garotos que tinham suas cabeças abertas pelo pau-lanterna e em seguida,o agressor,que não tinha rosto,colocava sapatos femininos em nossas cabeças abertas,enquanto não parava de rir com os dentes cerrados...Consegui fugir mas,em todo lugar que eu tentava me esconder,lá estava a maldita lanterna,sempre acesa,enquanto o terrível agressor sem rosto,prometia me pegar enquanto me perseguia com a voz. Ai quando acordei e vi aquela mulher com aquela vassoura,enlouqueci..." "A picareta que ajuda o trabalhador do campo e o da construção a abrir e a furar a terra difícil; A lanterna que ilumina os caminhos de quem se perdeu ou perdeu algo,se transformavam na picareta que abria as cabeças das crianças difíceis e na lanterna alaranjada que sombreava nossos caminhos...Acompanhados da voz que nunca nos perdia de vista..." "Para as crianças que conheceram o lado ruim do ser humano..."

Comentários: