A VIDA POR UM SONHO

TEM ALGUÉM NO MEU QUARTO QUE NÃO RECONHEÇO EM MINHAS FOTOS;

TEM ALGUÉM NA MINHA CAMA, DORMINDO DESESPERADAMENTE ENQUANTO O DIA QUEIMA LÁ FORA.

TEM ALGUÉM NO MEU QUARTO QUE NÃO ME DEIXA ACENDER A LUZ.

CONTEI DOZE HORAS,
DA AURORA ATÉ AQUI,

E NAS TREVAS DAS 17:20 O CANTO DO GALO DOURADO
FOI SILENCIADO POR UM LINDO CORDÃO VERMELHO...

O SANGUE JORROU...
UM LÁ MAIOR NÃO SOOU E TEM ALGUÉM NA MINHA CAMA QUE AINDA NÃO DESPERTOU.


VEJO AGULHAS RETORCIDAS CRAVADAS EM PAREDES QUE RESPIRAM AO INVÉS DE ABRIGAR.

VEJO VELHOS CONHECIDOS QUE HABITAVAM MEUS MEDOS EM VERÕES REMOTOS E RECONHEÇO SEUS SORRISOS EM PESADELOS INFANTIS QUE SEPULTEI EM CHÃO DE NUVENS DE ÉTER E FIZ PARA ELES, LÁPIDES DE NAFTALINA.


TEM ALGUÉM NA MINHA CAMA QUE SONHA AO INVÉS DE VIVER.

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A PRINCESA DE ÁRIES

AH,MENINA...
QUANTO SAL INUNDOU ESSES OLHOS...
E QUANTAS PALAVRAS QUE MACHUCAM FORAM DITAS;
MAS VOCÊ SABE,
UM NOVO DIA NUNCA VEM SOZINHO E UMA PORTA ABERTA É UM SIM PARA SI MESMO E UM NÃO PARA AS COISAS QUE TE FEZ CHORAR SOZINHA NO ESCURO.


PASSOU...


TIRE OS SAPATOS, PORQUE AS PEDRAS DENTRO DELES MACHUCAM DEMAIS, EU SEI.
CAMINHE DESCALÇA POR CAMINHOS QUE TE FAZEM SORRIR, SINTA O MUNDO SOB SEUS PÉS, CONTINUE INUNDANDO ESSES OLHOS DE SAL, MAS SÓ DEPOIS DE RASGAR ESSE ROSTO COM UM SORRISO CONTAGIOSO E ESMAGAR O MUNDO COM UM CORAÇÃO QUE DE TÃO GRANDE, FICOU PEQUENO DIANTE DA GRANDEZA DE UMA PESSOA MARAVILHOSA COMO VOCÊ.

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DO LUTO

A porta já foi branca, mas ficou muda e hoje lamenta os acordes de um silêncio ensurdecedor, que zomba de quem chega e faz jorrar sal dos olhos de quem sai...

A porta se abre, e é difícil prosseguir.
Carmem pode ouvir claramente a voz do infinito e em seu peito, sentiu todo o peso de uma ausência que machuca.
Do seu lado direito dorme uma cama, vizinha de uma janela solitária e que não tem muito o que dizer.
Na cama há dois amantes, que se consomem a cada troca de carícia desesperada;
mas eles estão na cabeça de Carmem e não ali agora.
No toca-discos Sinatra se declara, mas Nova Iorque é longe demais e Carmem sabe disso.
Há uma fotografia na estante, e nela, um sorriso que dói...
A visão ficou turva, ficou confusa e brilhante; há algo iquieto naqueles olhos azuis e está caminhando em uma procissão particular, não tem cheiro, mas é salgado como o mar e pesado como um segredo sujo.
É a voz estridente de um silêncio físico, é a voz do luto, é a voz da dor, é a voz de quem não têm palavras...

Carmem sai...
e a lágrima fica.

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